Below is the Portuguese of my article in Folho, Sao Brazil this Sunday 23 September. Readers can choose which version to go to.
Ban Ki Moon, nine months in office, still ambiguous
The 62nd General Assembly opens, as always, with the Brazilian representative making the first speech in the General Debate, after Ban Ki Moon has made his own inaugural opening speech as Secretary General to the General Assembly.
Nine months gestation in office, and Ban is still something of an enigma. Personally affable and approachable, officially it is still difficult to pin him down on positions. While he professes the highest regard for lofty principles of international law and humanitarianism, he consummately avoids being pinned down on specifics. He still prides himself on the title the Korean press corps gave him -"the slippery eel."
One of the reasons for this is that his role as the world's conscience contradicts the other role that has accreted to the office, which is to be the global Arch-Envoy. A Secretary General has to epitomize the UN's global conscience, but to get immediate results he must sometimes shake the bloodstained hands of politicians who are breaking international law.
For example, it is now becoming apparent how much personal effort he has put into resolution of the Sudan and Darfur problems, but for many months, only the most sharp-eared observers in UN headquarters knew how much effort he was putting into this, with incessant calls to the President of Sudan, Omar Al-Bashir.
However, that it came to public notice at all was at least in part because he had finally expanded his staff from the small hard-core Korean dominated team that he brought with him. In effect, they had bought the John-Bolton angled American agenda that saw the previous administration of Kofi Annan as corrupt and inefficient. They thought that they really had little to learn from the existing office-holders, many of whom were cleared out.
That lack of institutional and global experience often shows, and not just on the Middle East. South Korea, where Ban was foreign minister, sees the world from the bottom of a well, whose walls are China, Russia, Japan, North Korea and America. One can forgive them for not having studied the rest of the world as much as they should, and indeed for taking for granted an American version of what is happening.
By now, they may be learning that factions in Washington will always attack the United Nations, no matter who the Secretary General is. Many Non-Aligned representatives regarded Boutros Ghali and Kofi Annan as being overly accommodating to the US to the point of being tools of Washington but that bought them no protection in Washington as soon as they disagreed with American policies.
Nor did their appointment of American nominees to high office protect the UN from attacks from Congress and the American media. So there was apprehension when Ban appointed an American diplomat, B. Lynn Pascoe as Under-Secretary General for Political Affairs, which tended to confirm Non-Aligned suspicions that from now on there would be no difference between American and UN Secretariat positions.
Ironically, however, Pascoe has actually moderated the Korean impulses to follow Washington's positions on matters like the Middle East, which is an issue will almost inevitably lead to conflict between the US administration and any Secretary General who upholds UN positions.
Boutros Ghali and Annan worked hard to bring Israeli and American Jewish support behind the organization, but tempered that with an awareness that there were UN resolutions and principles that applied. Initially Ban's team were totally unbalanced in their approach, as charged by the retiring Middle East envoy, Alvaro de Soto, whose leaked report showed how far UN practice was straying from its principles.
http://image.guardian.co.uk/sysfiles/Guardian/documents/2007/06/12/DeSotoReport.pdf De Soto complained about the "unprecedented access" Israel had to the Secretary General's office, which went as far as helping choose officials as well as determining positions on the Palestine conflict. For example when Ban went to Israel and the Occupied Territories, the pro-Israeli faction fought successfully to stop him going to Gaza where he would have seen the full horror of life for ordinary Palestinians.
There are some signs of change. After six months of statements that implicitly took a pro-Israeli position, the pressure of reality led this summer to him cautioning the Israelis about using tanks in built up areas. It was a small but significant step to a more measured position, but Arab ambassadors and indeed many Non-Aligned are watching him very critically.
In that context, his success in getting the attention of Khartoum, and harnessing the neighouring states, notably Libya, is notable. But his triumph in getting Bashir to accept a UN force can still backfire. In effect, the UN is now accepting responsibility and blame for what is essentially the failure of the great powers. Ironically, China's wish not to have boycotts and protests rain on its Olympics next year probably had more to do with Sudan's agreement than traditional diplomacy. Sadly, Al-Bashir shows every sign of learning from the Slobodan Milosevic school of statesmanship, taking the occasional one step backwards to defuse pressure and then moving two steps forward as soon as pressure is relaxed.
Reassuringly, insiders suggest that Ban Ki Moon is in a wait and see mode with the Sudanese, rather than naivety. With the reported air attacks this week, perhaps that is just as well. But in every sense, we are unlikely to see him raising the temperature of a debate. He is dampens fires, not fans them
Folha, São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007
Ban Ki-moon ainda busca rumo na ONU
Há nove meses no posto, secretário-geral é visto como escorregadio e ambíguo
Visão de mundo de Seul, proximidade com os EUA e paradoxos ligados ao cargo restringem ação e anuviam os êxitos do sul-coreano
IAN WILLIAMS
ESPECIAL PARA A FOLHA
A 62ª Assembléia Geral da ONU começa nesta semana, como sempre, com o presidente do Brasil fazendo o primeiro discurso no debate geral, depois de Ban Ki-moon ter proferido seu discurso inaugural na condição de secretário-geral.
Nove meses depois de chegar ao cargo, Ban ainda é, até certo ponto, um enigma. Pessoalmente afável e acessível, é porém avesso a posições firmes sobre questões oficiais. Ao mesmo tempo em que afirma a mais alta consideração pelos princípios elevados do direito internacional e do humanitarismo, o secretário-geral toma o máximo cuidado para evitar deixar clara sua posição em questões específicas. E ainda se orgulha do apelido que lhe foi dado pela imprensa sul-coreana: "enguia escorregadia".
Uma das razões é que seu papel de consciência do mundo contradiz o outro papel atribuído ao cargo, o de arquienviado global. Um secretário-geral deve encarnar a consciência da ONU, mas, para obter resultados imediatos, às vezes também tem de apertar mãos manchadas de sangue de políticos que violam leis internacionais.
Por exemplo, está ficando claro agora quanto esforço pessoal Ban investiu na solução dos problemas de Darfur, no Sudão. Por meses, porém, apenas os observadores mais atentos na sede da ONU sabiam o quanto ele estava se dedicando a isso, com telefonemas incessantes ao presidente sudanês, Omar al Bashir.
Mas o próprio fato de a questão ter vindo a público ocorreu, ao menos em parte, porque Ban finalmente ampliou sua equipe para além do pequeno time central, de predomínio sul-coreano, que ele trouxera consigo para o cargo. Esse núcleo central, na prática, havia aceitado a agenda americana traçada por John Bolton, que via a administração anterior, de Kofi Annan, como corrupta e ineficiente.
Seus integrantes pensavam que tinham pouco a aprender com seus predecessores, muitos dos quais foram afastados.
Ótica própria
Essa falta de experiência institucional e global é algo que se torna aparente com freqüência, e não só em relação ao Oriente Médio. A Coréia do Sul, onde Ban foi chanceler, vê o mundo do fundo de um poço cujas paredes são formadas pela China, Rússia, Japão, Coréia do Norte e EUA. Podemos perdoá-la por não ter estudado o resto do mundo tanto quanto deveria e até por aceitar incondicionalmente a versão americana do que acontece no mundo.
Agora, essa equipe já deve estar descobrindo que facções de Washington sempre vão atacar a ONU, não importa quem seja o secretário-geral. Muitos representantes não-alinhados viam Boutros Ghali e Kofi Annan como complacentes demais com os EUA, a ponto de serem instrumentos de Washington, mas isso não lhes garantiu proteção nenhuma em Washington quando discordavam da política americana.
E suas indicações de nomes americanos para altos cargos tampouco protegeram a ONU de ataques do Congresso e da mídia dos EUA. Assim, houve apreensão quando Ban escolheu um diplomata americano, B. Lynn Pascoe, para subsecretário-geral para Assuntos Políticos -uma indicação que tendeu a confirmar as desconfianças dos não-alinhados de que, de agora em diante, não haverá diferença entre as posições dos EUA e do secretariado da ONU.
Ironicamente, porém, Pascoe vem na realidade moderando os impulsos sul-coreanos de acompanhar as posições de Washington em questões como o Oriente Médio -esta, uma questão que vai quase inevitavelmente levar a um conflito entre o governo dos EUA e qualquer secretário-geral que defenda posições da ONU.
Boutros Ghali e Annan trabalharam duro para conseguir o apoio israelense e da comunidade judaica americana à organização, mas contrabalançaram esse esforço com a consciência de que existem resoluções e princípios da ONU que precisam ser respeitados. Num primeiro momento, a equipe de Ban adotou uma abordagem unilateral, como acusou o enviado ao Oriente Médio Álvaro de Soto, cujo relatório vazado deixou claro como a prática da ONU estava se afastando dos princípios da entidade.
De Soto queixou-se do "acesso sem precedentes" que Israel tinha ao gabinete do secretário-geral, a ponto de influenciar a escolha de funcionários e de determinar posições com relação ao conflito palestino. Por exemplo, quando Ban foi a Israel e aos territórios ocupados, a facção pró-israelense lutou com sucesso para impedi-lo de visitar a faixa de Gaza, onde ele teria testemunhado o horror da vida dos palestinos comuns.
Mudanças
Há alguns sinais de mudanças. Após seis meses de declarações que implicitamente assumiam uma posição pró-israelense, nos últimos meses a pressão da realidade levou Ban a advertir Israel contra o uso de tanques em áreas com muitas construções. Foi um passo pequeno, mas importante, rumo a uma posição mais equilibrada.
Porém os embaixadores árabes e de muitos países não-alinhados estão observando o secretário-geral com atenção crítica. Nesse contexto, seu êxito em chamar a atenção de Cartum e em conseguir a adesão dos países vizinhos, especialmente a Líbia, é notável. Mas seu triunfo em conseguir que Bashir aceite uma força da ONU ainda pode ser um tiro pela culatra.
Na prática, a ONU agora está aceitando a responsabilidade e a culpa por algo que, essencialmente, deve-se à inação das grandes potências.
Ironicamente, o desejo da China de não ter protestos e boicotes prejudicando sua Olimpíada, em 2008, provavelmente contribuiu mais que a diplomacia tradicional para o acordo conseguido no Sudão.
Lamentavelmente, Bashir dá sinais de estar aprendendo com a escola Slobodan Milosevic de governo, retrocedendo um passo de vez em quando para reduzir as pressões e então avançando dois passos, assim que a pressão é abrandada.
Um fato tranqüilizador é que fontes bem informadas sugerem que Ban está em modo de "esperar para ver" com o Sudão, e não age ingenuamente. Com os recentes ataques aéreos relatados, talvez seja melhor assim. Mas é pouco provável que o vejamos elevar a temperatura de uma discussão, em qualquer sentido. Ban Ki-moon ainda é alguém que apaga incêndios, não que os atiça.
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O jornalista inglês IAN WILLIAMS cobre a ONU desde 1989 e é colunista da versão on-line do jornal "The Guardian". Autor de "UN for Begginers" (ONU para iniciantes), atualmente trabalha em um livro sobre a ojeriza de parte dos americanos ao organismo internacional
1 comment:
Well his point combining militant Zionism and Orthodox practice seems somewhat contradictory. Zionism is branch of romantic nationalism which involves creating a nation to match a metaphysical idea. It has usually been disastrous where it has been tried and more to the point is surely heretical in its preemption of the arrival of the Messiah. Certainly that is what most Haredim considered until recently when it became politically expedient.
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